14 Abril 2023
O cardeal guineense Robert Sarah publica 'Ele nos deu tanto', livro dedicado a Joseph Ratzinger. "Toda rejeição e exclusão do irmão tachado de tradicionalista é obra do diabo”, lamenta.
A informação é publicada por Vida Nueva, 13-04-2023.
Segundo o Cath (Centre Catholique des medias), o cardeal Robert Sarah, prefeito emérito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, está publicando um livro em homenagem a Bento XVI. Intitulado 'Ele nos deu tanto', a obra é especialmente significativa, pois devemos lembrar que, há apenas três anos, 'Do fundo de nossos corações', outro livro em que ele reivindicou Ratzinger como "co-autor" e em que ele deixou escapar críticas óbvias contra Francisco pelo que ele entendeu ser um "ataque ao celibato", foi um dos pontos mais convulsivos para o papa emérito em sua década de aposentadoria. A crise se encerrou com um pedido de Bento XVI para que não fosse considerado autor da obra e com a saída de seu secretário, Georg Gänswein, como companheiro de Bergoglio.
Agora, após a recente morte de Bento XVI, Sarah publica com Fayard (o mesmo editor do controverso livro anterior) uma obra em que reivindica seu "mestre espiritual", incluindo dez textos que ele mesmo selecionou do pontífice alemão.
Embora chegue a dedicar o livro a Francisco, a quem define como um "bom pai", o cardeal guineense parece oferecer um jogo duplo. É que, embora sem citar Bergoglio, seus elogios a Bento XVI podem esconder em certos pontos um pequeno ataque dissimulado ao papa reinante. Assim, quando lamenta que Ratzinger "não tenha multiplicado suas nomeações cardeais para influenciar um futuro conclave que ele sabia estar chegando" ou que "não tenha descartado seus adversários", a ressonância crítica é cada vez mais forte.
Da mesma forma quando Sarah adverte que estamos "numa época em que a Igreja parece obcecada consigo mesma, com suas estruturas, com seu futuro, com sua preocupação de se adaptar ao mundo ocidental”.
A ponto de, agora, segundo ele, “sob o pretexto de uma Igreja inclusiva e sinodal”, sempre “em nome do consenso”, se trata de “silenciar a verdade”. Isso leva, em última análise, a sentir que aqueles que argumentam que o Motu Proprio 'Traditionis custodes' não leva em conta a profunda espiritualidade da chamada missa tradicional estão sendo deixados de lado: "Toda rejeição e exclusão do irmão tachado de tradicionalista é obra do diabo”.
Embora não tenha como alvo direto Francisco, Sarah aponta sem meias palavras os “lobos” que na Cúria “pairam” em torno do Papa e podem levá-lo a cometer erros em determinados assuntos.
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Sarah volta a homenagear Bento XVI a seu modo: "Sob o pretexto de uma Igreja sinodal" a "verdade é silenciada" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU